quarta-feira, agosto 24, 2005

Egoísmo

Já disse uma vez num dos antigos artigos e volto a repetir, para mim, a amizade é o mais importante na vida.
E duas das minhas convicções acabaram por ser deitadas por terra.
1) Sempre pensei que havia um certo código de honra entre amigos, mesmo quando a amizade não é das mais fortes: ser sincero e estar com os outros sem ser por interesse. Este interesse implica claro ser egoísta.
2) Sempre pensei que na amizade não havia os altos e baixos e os problemas que há por exemplo numa relação amorosa.
Falso.
Devem estar a pensar que relativamente à minha primeira convicção, a conclusão que se pode tirar é que as pessoas que me rodeiam não são verdadeiramente minhas amigas e que, portanto, mais vale ficar sem elas. Mas as coisas não são assim, as pessoas não são descartáveis, os sentimentos também não. As pessoas não são perfeitas e muitas são capazes de evoluir. O mundo vive em solidão e, quer queiramos quer não, preferimos ter ao nosso lado um meio amigo com quem falar, conviver e partilhar vivências, do que excluirmos todas essas amizades imperfeitas e, para o resto da vida, vivermos isolados.
Só escrevo isto porque reparo que existem bons amigos mas parece que, quando já não há interesse ou quando de alguma forma deixamos de lhes "oferecer" alguma coisa, essas pessoas viram-nos as costas, nem que seja por uma pequena atitude, por um momento, uma hora ou um dia. E sentimo-nos tão mal, como que abandonados. Como se, de repente, já não servíssemos para nada.
Verificamos que este egoísmo se encontra nas pequenas coisas, como por exemplo, o facto de alguém se sentir bem ao nosso lado. A partir do momento em que deixe de o sentir, foge. Se me colocar no lugar dessa pessoa, penso que até será perfeitamente normal, não vou estar contrariada ao pé de alguém se não me sentir bem.
Resumindo, aquilo que quero dizer é que, com tanta gente neste mundo com tanta comunicação, às vezes perde-se demasiado facilmente o fio condutor de uma relação de amizade e tal como um yo-yo os amigos vão e vêm: apetece-me estar contigo, já não me apetece estar contigo, apetece-me estar contigo, já não me apetece estar contigo and so on, and so on...
É esta falta de sinceridade e o facilitismo de apenas virar as costas sem oferecer explicação, de nos deixar porque apareceu alguém mais interessante que me magoa.
Não sei... chamem-me exigente. Talvez.

1 Comments:

At 1:03 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Vi o teu blog quando comentaste o meu e... achei interessante ler o que escreves.
Quanto a este artigo, acho que os bons amigos não duram uma vida inteira. Quando chegamos a estar tão próximos uns dos outros que não é preciso falar para comunicar (isto exagerando um pouco) acaba sempre, mais tarde ou mais cedo, por haver uma rotura. E por vezes, para sempre. Apesar de ainda ser novo, os amigos a quem chamei íntimos, maior parte está a tão longe que temos uma relação de quase desconhecidos. Os amigos que ficam para sempre são aqueles de quem nunca dependemos. Acho eu.
Bom blog ;)

 

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