sexta-feira, julho 15, 2005

Vacances...ou não

Bem, pessoal, este post destina-se somente a justificar a ausência de 1 mês dos meus escritos bloguistas. Não que alguém repare, pois está tudo a descansar dos écrans e das máquinas (esperemos, pois será sinal de, pelo menos, algum dinheiro no bolso para tirar férias).
Voltarei brevemente mas não sei quando. Estou ainda em tempo de trabalho e desejo ardentemente umas férias de santo e merecido descanso...e de praia, pois eu, sem sol e água salgada, não recarrego as baterias.
Boas férias a quem as tem. Coragem a quem fica a trabalhar.

terça-feira, julho 12, 2005

Os seres mais desprezíveis à face da terra

É verdade, elas andam aí! E com elas uma onda de calor, de ataque e de raiva. Não é possível sobreviver a tais seres. Todos nós já fomos atacados mas, digo-vos, ninguém supera a terrível experiência que tenho vivido desde pequena. Elas entram na nossa vida sem aviso, intrometem-se no nosso sono, na nossa mente, elas tiram-nos a liberdade e o raciocínio. Não! Não tenho de suportar isto! Não tenho de continuar a viver assim! A luta já vai muito longa e, apesar de tudo, elas acabam sempre por ganhar.
Considero as melgas os seres mais egoístas, mesquinhos, astutos, desafiadores da minha vida. São elas que me oferecem uma dura batalha no meu próprio território. Se aparento estar mais velha é por causa das horas e horas de sono que durante uma vida inteira não me permitiram. Tenho sido sempre a vítima, mais do que outras pessoas. Até no Inverno elas me atacam. De certeza que tenho mais açúcar no sangue do que qualquer outra pessoa.
Na noite do massacre, acordei com 20 babas por todo o corpo. Elas andavam rejubilando-se pelo meu quarto. A ira foi destruidora. Matei-as todas em 10 minutos. Andei escondida do mundo por um mês até passarem as marcas.
Quantas vezes não me deito cansada procurando um repouso de 8 horas e, de repente, começo a ouvir aquele som inconfundível e irritante de um predador que se prepara para atacar a presa. O meu mal é que não consigo deixar-me ficar. Não aguento ignorar por mais que tente. Elas moem-me a cabeça até à última. Rondam-me até ao desespero, sabem que eu não estou a dormir, desejam o meu sangue e provocam-me para uma luta nocturna que se desenrola até às tantas.
Levanto-me impaciente, irritada e frustrada. Deixei tudo fechado, não acendi luz nenhuma e, mesmo assim, elas sentem tudo e vêm até mim sabe se lá por onde.

Plano de acção

Se me levanto, é para uma luta a sério.
Vou buscar os meus instrumentos de ataque e protecção: vassoura, spray insecticida e um chinelo (para um ataque mais directo).

1ª estratégia-Começo por inspeccionar o local, que parece que elas próprias conhecem melhor do que eu. Acendo a luz a muito esforço e os meus olhos ressentem-se. Com a vassoura em punho, procuro em todos os cantos algum rastos dos invasores em questão.

Resultado:- Nada. Aquelas criaturazinhas não são fáceis. Escondem-se bem escondidinhas.


2ª estratégia- Saio do quarto, abro as portas e janelas e todas as luzes da casa à excepção da do meu quarto, espero uns minutos... Volto ao meu quarto, fechando a porta.

Resultado- Consigo adormecer, elas não aparecem... por 15minutos.


3ª estratégia- Levanto-me revoltada. Pulverizo o meu quarto com insecticida e vou tentar dormir para a sala de estar.

Resultado- Elas conseguem de alguma forma seguir-me. Escapam-se ao insecticida e, passados 5 minutos, estão a atazanar-me a cabeça na sala de estar.


Fecho a porta da sala e dirijo-me para o meu quarto a correr para que elas fiquem presas na sala. Vou-me deitar, fechando a porta do meu quarto. Mas começo a fincar zonza (os efeitos do insecticida recaem sobre mim ).
Reparem como elas têm a capacidade de virar o feitiço contra o feiticeiro. São danadas! Eu não as subestimo.
Abro as janelas, deixo o efeito passar. Volto a deitar-me e passado 10 minutos, lá estão elas de novo. Aí, eu passo-me por completo...

4ª estratégia- No limiar da paciência, acendo a luz e fico deitada na cama, chinelo na mão, a olhar para cima.
Elas que venham! Isto tem de ser mesmo face to face.

Resultado- Finjo estar a dormir, elas aproximam-se, mexo-me um pouco e zumba...falho o alvo.
Quando elas são pequenas, ui, são terríveis, mal se vêem, escondem-se mais facilmente e são muito rápidas e ágeis. As maiores são gordas, cheias do sangue que me roubaram e movem-se mais lentamente. Neste caso, a batalha dura pouco tempo.
Mas a perseverança acaba por ganhar e eu levo a melhor, à 10ª tentativa mato-as.

Depois de uma noite de muito esforço, o cansaço físico e mental é enorme, caio na cama exausta e durmo as poucas horas que ainda me restam até ter de me levantar.

Meus amigos, gosto muito do Verão mas, assim, não há condições!

sexta-feira, julho 01, 2005

Aprender a amar

Definitivamente este blog já substituiu o meu "diário" que tantas vezes serviu para os meus desabafos e momentos de inspiração. Este é um desses momentos, o momento em que acabei de ver o grande filme "África Minha" pela 4ª vez. Tal como das outras 3 vezes, o filme surpreendeu-me no final. Esqueço-me sempre de como o filme termina e dou por mim a abrir a boca de espanto ao (re)ver a morte de um dos protagonistas .
É muito interessante ver o quanto nos apegamos às coisas e às pessoas na nossa vida. Ilusão, nada mais do que uma ilusão. Não temos nem possuimos nada e, contudo, a nossa sociedade baseia-se nisso mesmo, na ilusão do "ter". Para além de procurarmos obter as coisas mais supérfluas, queremos ver, por exemplo, os animais no zoo, mas para isso temos de os capturar e encurralar. Queremos ser pedidas em casamento pois temos a ideia falsa de que adquirimos estabilidade e podemos relamente "ter" e "ficar" com alguém. Queremos ainda ser amadas como amamos, receber o que damos e estabelecer uma relação de dependência com o outro. Que parvoíce! Ou talvez não... Não é isso que acontece sempre?
É difícil aceitar e partilhar a nossa vida com alguém que é independente, que nos ama mas também ama outras coisas da vida, que tem tempo para nós e para muito mais. Mas nós só queremos impor o nosso desejo ao outro, queremos limitar e interferir com a liberdade do outro. Assim, estamos a matá-lo, a matar a sua alma, a sua personalidade e tudo o que há de mais verdadeiro nessa pessoa pela qual nos apaixonámos. E, num abrir e fechar de olhos, podemos perder tudo, a casa, o dinheiro, a saúde, as pessoas mais chegadas.
É complicado aceitar e por vezes renunciar ao amor só porque não se correspondeu aos nossos desejos. Desiste-se tão facilmente hoje em dia. As saídas são tantas que nem nos damos ao trabalho de nos esforçarmos por uma relação, de nos adaptarmos, de tentarmos ver o ponto de vista do outro. Actualmente as relações são mais baseadas em prazeres momentâneos do que em algo mais duradouro. É pena! Deixámos de aprender com os outros.
O filme demonstra isto tudo e muito mais. Para além dos encantos naturais de África, são-nos apresentadas duas formas de amar: uma bastante possessiva e outra mais aberta. O final da história demonstra, a meu entender, que quem acaba por "ter" e "ganhar" é quem nunca se apegou, quem ama tudo e vive o presente. Gostaria de conhecer alguém assim , nem que seja para aprender a ser livre dessa forma.
Sem dúvida nenhuma que viveríamos mais felizes, se amássemos de verdade e não apenas uma parte da vida mas tudo o que nela existe. Certamente seríamos mais ricos e sentir-nos-íamos mais completos.